segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Estado dos Sentidos


Encontro-me na escuridão da vã noite,
recordando-me do meu eterno ser adormecido,
vasculhando o baú vazio de mim mesmo,
procurando se tudo faz pequeno sentido.

Revejo minha etérea e desvanecida imagem,
escondida por trás de um transparente pano,
onde brinca no palco desta puta de vida
toda a plenitude em ledo desengano.

Transparece toda a profícua vicissitude
de um ser repleto de erros e drama,
em completa harmonia com o visível
de uma vida estonteante e agoniante.

Semicoberto por um velho e rasgado lençol de nada,
caminha meu ser em direcção ao eterno vazio,
donde surgem imagens desfiguradas
de um sentido ser, sem rasgado sentido.

Os confusos sentidos que em mim não vos estranho,
existem presos e intrísecos à minha alma,
que de entristecida e sentida calma
não me aliviam os condensados leves passos.

Acabo deitado sobre o leito do meu frágil estado,
mais breve e eterno, menos longo e alterado;
meio nítido e difuso, não menos começado e acabado
por todo Eu inteiro, em poucos versos, espelhado.

1 comentário:

Victor Guida disse...

Estava eu passando pelos blogs e parei neste por mero acaso.
Resolvi lê-lo e não me decepcionei. Muito pelo contrário, a cada verso lido eu ficava ainda mais maravilhado.

Poucas vezes encontrei algo tão bom de ler.
Pretendo voltar em breve para ler mais.
Abraços