sábado, 13 de fevereiro de 2010

Quem me leva os meus fantasmas...

Sempre considerei que a função de um verdadeiro Artista não passa só por entreter um determinado público, mas despertar esse mesmo público para os problemas que são realidades intrínsecas em qualquer sociedade.

Em Portugal, temos cerca de 18% de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza; dessa percentagem, muitos são os que não têm sequer uma casa para viver, falo dos sem-abrigo.

Pedro Abrunhosa, consciente da sua função enquanto figura pública, é um dos exemplos que pretendo referir.

O que está aqui em causa não são os seus dotes vocais, isso fica ao critério do gosto de cada um; não posso é deixar de elogiar este seu gesto de cidadão e profissional dedicado não só à sua profissão, mas também às tais duras realidades que infelizmente existem neste pequeno Portugal.

"Quem me leva os meus fantasmas" é, quanto a mim, um excelente despertar de consciências e que pretendo partilhar convosco...



Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
E eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e´ a estrada

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada


De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada

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