terça-feira, 5 de julho de 2005

Chegou cansado. Colocou a pasta no chão. Em cima da mesa um recado: "Volto tarde! Não esperes por mim para jantar. Beijo!". Amachucou o papel amarelo e jogou-o no balde do lixo. A sala estava escura. Não abriu os cortinados. Simplesmente, deixou-se cair no sofá e ligou a tv. Áquela hora, nada de jeito. Desligou. Acendeu a aparalhagem e ao som de Diana Krall adormeceu.
A sua alma, como querendo não adormecer, desprendeu-se....
A praia estava calma naquele fim de tarde. Sabia-lhe tão bem estar ali, a olhar a imensidão do mar e o som das rochas solitárias que de tempos em tempos rebentavam, molhavam-lhe os pés descalços. Pensou no que fizera e não gostou nada. Acendeu um cigarro. Aquela má recordação de outros tempos passados consumia-o por dentro. Sentiu angústia. De passa em passa, terminou o cigarro. Levantou-se. Ao longe, avistava um corpo moreno deitado sobre a areia. Aproximou-se e reconheceu aquela pessoa. Levantando-se, ela sorriu. Ele continuou sério. Aproximaram-se mais e ao de leve um aperto de mão surgiu. Ele reconhecera aquele ser. Mas não sabia de onde. Confusão era a palavra que reinava na sua consciência.
De repente, como sendo sugada novamente para dentro do seu corpo, ele regressou a si. Alguém batia à porta. Levantou-se e abriu. Era a mesma do corpo moreno deitado na areia. Um beijo e entrou. E ele perguntou: "Que fazias na praia?" e ela respondeu: "Nada. Simplesmente me fui encontrar contigo...."

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